terça-feira, 10 de agosto de 2010

Gira gira ponteiro...

Apressava-se para não perder a hora, nem o ônibus que a levaria para o lugar certo. Queria estranhamente estar lá. Mesmo saindo de casa com aquela sensação de que era mais uma noite perdida. Ela simplesmente foi. Chegando ao local certo, acreditou por instantes estar com a pessoa certa, quando verificou no relógio... era a hora errada!

(...)

Fazia tempo que não se sentia assim, feliz... com uma vontade de estar que ela não entendia de onde surgia. Era a pessoa certa, ela sentia, e para não correr o risco de ser a hora errada acertou seu relógio conforme o giro que o dele dava. Pronto, agora está tudo certo, mas um dos relógios insistia em atrasar enquanto o outro estava a se adiantar. Logo a pessoa e o lugar se tornaram mais uma vez um erro.

(...)

O tédio e a solidão tomavam conta do seu corpo e ela só se perguntava como havia chegado ali, naquele lugar tão errado. Resolve perguntar a um estranho as horas: “Que hora é essa?”. E a pessoa errada lhe responde: “a hora certa!”.

Só conseguia pensar que as pessoas certas não mereciam estar na hora errada e que as erradas apenas sabiam a hora certa.

A vida dela, como a de todos os seres humanos, era feita de escolhas e ela não sabia se escolhia entre doce ou salgado mesmo gostando muito dos dois sabores

E dentre tantas horas certas, pessoas incertas e lugares distintos ela se perguntava: porque tinha de ser assim? Por que ela apenas não poderia estar com o relógio certo, a pessoa certa no lugar esperado?

Ela não sabia responder, muito menos escolher...

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