segunda-feira, 23 de agosto de 2010
A Pierrot
Sinto vontade de chorar, mas não consigo. O sentimento de perda sempre é amargo, por mais que ele não saia do meu paladar.
Sinto vontade de chorar, não pela perda, mas pelos rumos que tudo tomou.
Sinto vontade de chorar. Todas as vezes que recordo das tardes de domingo, com futebol na TV e nós dois na cama não ligando pro mundo.
Sinto vontade de chorar, não pela sua ausência, mas pela sua presença na memória.
Sinto vontade de chorar, não por você, mas por mim... apenas por mim!
quinta-feira, 12 de agosto de 2010
Ele prosa, ela poesia.
Abre a porta do apartamento e o convida para entrar. Aceita um vinho?
Eles então se conduzem até o quarto mais próximo, mal se olham e se jogam na cama. Começa um jogo de dar e receber.
Ele poesia, ela prosa.
Pareciam se entender... parecia ser perfeito mas ela esqueceu-se que ali estava um ser humano, o mais imperfeito dos seres.
Ele poesia, ela prosa.
Por instantes sentiu bem fundo toda aquela vontade acumulada, sentia-se desejada, sentia-se dona do mundo, da cama e do gozo.
Ele poesia, ela prosa.
Quando se lembrou que estava dormindo com alguém que não conhecia se sentiu mal. Como é difícil reconstruir qualquer coisa. Sentia saudade da cumplicidade, da fúria, da paixão e do amor.
Ele prosa, ela poesia.
As pessoas mudam. Questiona-se porque as coisas boas não são pra sempre como sorvete de baunilha e cerveja na padaria?
Ele prosa, ela poesia.
Os pólos se inverteram... ele positivo, ela negativo. Ele sentia-se desejado, dono do mundo, da cama e do gozo.
Ele prosa, ela poesia.
E então em silencio ela chorou... de saudade, de vontade de não estar ali, de raiva do mundo e de si.
Ele prosa, ela poesia.
terça-feira, 10 de agosto de 2010
domingo, 8 de agosto de 2010
Em pó...
Abre o pacote...
sobe aquele cheiro forte de amor
Sua cor quase sempre é vermelha ou rosa
Servimo-nos desse amor...
doce, solúvel e forte.
E por muito tempo bebemos desse refresco.
Saboreamos o medo, o prazer, a felicidade...
com gás, gelo ou cachaça.
Da nossa forma adicionamos pequenas porções do pó mágico na cerveja, no vinho e até no café que eu lhe servia toda manhã.
É certo que deixamos derramar um pouco sobre a mesa de jantar, mas não choramos sobre o suco derramado.
Minha roupa que era branca se pintou de rosa, quando sobre meu corpo você o derramou.
Meu copo que era vazio se encheu
Da mistura solúvel de amor e água
De paixão e lágrimas...