sexta-feira, 1 de julho de 2011

Dos amores que vivi, parte I


Não era nem meia noite e o álcool ja lhe deixava com dor de cabeça. A multidão a sufocava, a cada batida estridente da baqueta nos pratos daquela banda de metal o crânio era perfurado com uma faca. Necessitava sair dali, urgentemente. Um ilustre conhecido por quem se desencantara há algum tempo atrás a cumprimenta, ao ver sua cara de atordoada lhe salva como um mocinho que tira a mocinha das garras do vilão.

Não muito distantes da multidão, como que passando mal, sentam-se em um lugar qualquer. Tudo que ela precisava era apenas descansar, colocar sua cabeça em um travesseiro bem fofo e apenas apagar. Porém, estava um pouco longe disto acontecer, não dependia apenas dela.

Era apenas uma jovem de 17 anos, cabelos longos e negros e pele tão branca quanto a neve. Era uma pessoa simples, sem muitas exigencias, mas andava meio perdida por entre as ruas, os bares, os lugares daquela pacata cidade.

O mocinho desta parte da história cultivava uma barba vasta e algumas espinhas no rosto, contrariando sua idade, era de muitos amigos, de muitas histórias e muitos sonhos. Nada daquilo parecia estar fora de sua rotina.

A dor de cabeça a impedia de pensar muito, daí resolveu apenas ir onde o vento for e se aventurar. Dentre tantas questões daquela noite, as respostas surgiam mal elaboradas mas perfeitamente corretas. A noite seguia calma e fria e os assuntos e pessoas surgiam, não estava acostumada com a gentileza. Por muitos anos recebera apenas migalhas de alguma coisa que um dia ousou chamar de amor. Ela era do tipo que acreditava no amor, que não media forças ou controlava a lucidez.

Como previsto por ele, a mocinha apenas encostou sua cabeça no ombro do rapaz, como quem busca conforto e aconchego. Daí, sem perceber ele lhe roubara um beijo, um doce e profundo beijo.

Em algum canto, ja ambos cansados sentaram e cantarolaram uma canção que seria um hino para eles e possivelmente para muitos casais. Se antes queria ir embora, agora desejava mais do que nunca permanecer ali, naquele canto sujo.












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